Confiança, Autorresponsabilidade e Comunicação Transparente

Su Verri
15 min readJun 3, 2019

--

“Músculos” a serem exercitados nas Comunidades de Aprendizagem

Alf training ALC São Paulo- momentos de cumplicidade e conexão profunda

Uma breve introdução

Há alguns bons anos atrás, no ano de 1971, Ivan Illich publica o livro Sociedade sem Escolas, que lhe rendeu uma vida em exílio, críticas e perseguições. E ainda hoje, em pleno século XXI, ano de 2019, ainda preciso medir as palavras para falar abertamente sobre esse assunto, a possibilidade de pensarmos em uma sociedade sem escolas, ou seja, pensarmos em novas alternativas, maneiras amplas e diferenciadas de compreender a aprendizagem e o desenvolvimento humano que não passem pela instituição escolar.

Por que ainda parece tão assustador e absurdo pensar em uma Sociedade sem Escolas? Por que fazemos o que fazemos com nossos filhos e nós mesmos? As velhas e conhecidas práticas educacionais visivelmente estão falhando. E existe uma resposta clara e simples para essa questão. As mesmas soluções, as que visivelmente não estão dando resultados, são repetidas nos mesmos velhos problemas e ocorre uma estagnação. E para pensar em uma Sociedade sem Escolas é preciso refletir sobre uma gama de situações e condições de vida a que nos propusemos a viver de forma imitativa, reprodutiva,padronizada e inconsciente, ou seja, vivemos no piloto automático. Isso é cultura. Nos condicionamos a compreender a vida conforme o mundo que nos cerca se apresenta para nós, acontece que estamos vivendo uma cultura inconsciente.

A proposta então é refletirmos profundamente sobre nossas escolhas inconscientes e sobre essa cultura que estamos colaborando para perpetuar e; a partir da experimentação, ressignificar essas escolhas, construir uma realidade a partir daquilo que sabemos que já não nos serve mais.Será que é possível construir uma cultura de forma intencional, que transforme práticas e consista em uma mudança evolutiva na forma como o ser Humano se compreende nas suas relações com os outros, na sua relação com a própria aprendizagem, no desenvolvimento consciente de suas capacidades; e na sua relação com o planeta Terra?

Essas e muitas outras perguntas fazem parte da minha jornada de pesquisa num sentido holístico do meu Ser, num sentido de perceber e buscar estratégias e ferramentas para construir essa nova cultura, através de mudanças de hábitos, pensando nas minhas relações com as outras pessoas e buscando compreender qual a melhor forma de o ser humano desenvolver-se plenamente em suas capacidades. A Educação tal qual a concebemos hoje limita a capacidade de realização e desenvolvimento humano, porque não contempla a sua integralidade, suas habilidades sócio emocionais, sua saúde emocional, empatia, colaboração, espírito coletivo, a própria arte, essas habilidades não são desenvolvidas nos currículos institucionais, ou acabam sendo colocadas como secundárias, inferiores ou desnecessárias. Apesar de ser uma pesquisa bastante subjetiva, aos poucos, ao longo da trajetória vou percebendo alguns pontos que vão se tornando sinalizações para o caminho de construção de um conhecimento inovador e de uma prática transformada que passa a ver as Comunidades de Aprendizagem como alternativas ao Sistema de Educação Escolar.

Vou partir do ponto de vista de Ivan Illich em sua crítica às instituições e concordar com ele acrescentando meu ponto de vista, que a causa para o “emburrecimento” humano que estamos vivendo em pleno século XXI está em nos apegarmos à um Sistema de Ensino e controle social cujo principal mecanismo é a Escola. Recomendo a leitura da obra original: Sociedade sem Escolas, que pode ser facilmente encontrada na internet e em livrarias.

Estou convicta de que a Educação, a Escola e os Sistemas de Ensino estão totalmente obsoletos e gradativamente serão substituídos por algo novo, que vá além desses conceitos e por isso mesmo a linguagem, as palavras a serem utilizadas para definir as novas práticas também serão outras. Essas palavras: Educação; Escola; Sistema de Ensino; nos remetem à uma construção imaginária coletiva enraizada em nossa cultura social que vem sendo extremamente enaltecida e valorizada há muitas gerações. Portanto pensar em uma Sociedade sem Escolas significa romper com um ciclo de comportamentos e valores que foram automatizados pela sociedade que age de forma acomodada diante de um modus operandi inconsciente e inconsequente e limitado em sua capacidade de ação, de auto observação e transformação. Significa partir para uma mudança de Paradigma intencional rumo à construção de uma cultura consciente que estabeleça novas aptidões e um desenvolvimento exponencial e consistente para as pessoas. O que significa também o uso de novos termos, palavras e concepções sobre a aprendizagem.

A alternativa, o caminho, para superar o modelo de Escola é partirmos para a formação e cocriação de Comunidades de Aprendizagem. Organizações coletivas nos mais variados modelos, com os mais diferentes fins, que se estabelecem através de relações não hierárquicas (holocrásticas) e estruturas de organização que caminham para o respeito, para a auto gestão, para um sentimento de igualdade e pertencimento e a busca por relações profundas e verdadeiras entre as pessoas. Isso requer que novas habilidades e uma nova visão de mundo seja consciente e intencionalmente construída para se superar os valores e comportamentos inconscientemente enraizados.

Outra palavra que eu já citei e que caminha junto com o conceito de comunidade é o cocriar. Cocriar, criar junto, construir coletivamente, acho tão bonita essa palavra quando ela realmente se torna uma prática. Porque quando estamos passando por um processo de transição, de mudança de paradigma, às vezes já sabemos teoricamente do que se trata e passamos a incorporar alguns discursos, porém, para uma prática transformada é preciso um árduo exercício de auto observação e mudança de comportamento. Para que as relações entre as pessoas operem em igualdade e numa estrutura horizontal e não hierárquica é preciso exercitarmos algumas habilidades que o sistema institucionalizado não trabalha. E quando eu falo aqui de instituição, me refiro a todas as instituições, que tem como modelo base a escola e com ela os valores de hierarquização, especialização, fragmentação e como consequência a falta de autonomia dos sujeitos.

Quais os “músculos”, as novas habilidades que precisamos treinar para que esses novos conceitos possam ser colocados em prática e não se tornem apenas parte de um belo discurso incoerente? Hoje vou falar sobre três desses músculos de novas habilidades. Musculaturas que considero primordiais que sejam exercitadas e desenvolvidas em qualquer que seja a organização coletiva que esteja buscando a perspectiva da conectividade, da colaboração e do aprender numa comunidade livre, horizontal, transparente e auto gerida.

Numa metáfora podemos comparar uma comunidade a um organismo vivo, uma árvore, uma planta. Para essa planta crescer ela precisa de um solo nutritivo que faça a planta enraizar e crescer, a confiança é o solo de onde vêm os nutrientes que fazem brotar os vínculos da organização coletiva, é a base de sustentação, é a “cola” que permite a sustentação do pulso da coletividade. A autorresponsabilidade pode ser entendida como a capacidade de perceber-se como agente responsável por si e pelos outros no aqui e agora. Sob o ponto de vista da autorresponsabilidade não existe culpa, não existe culpado, existe ação e reação, responsabilidade pelo que dizemos e fazemos e consciência de nossas escolhas. E a comunicação clara e transparente como um exercício contínuo de honestidade, permeabilidade, abertura, escuta empática e disponibilidade para se auto observar e transformar.

Sobre a Confiança

Um campo magnético invisível que com um pouco de treino e atenção é possível perceber

Sob perspectiva de aprendiz auto dirigida que sou e buscadora de minhas próprias respostas para perguntas que normalmente não são feitas. A partir de novos coletivos recentes dos quais tenho participado em que há espaço para investigar as perguntas que não são feitas, me pus a auto investigar sobre um campo magnético invisível que se forma e que com atenção é possível de se perceber, que é a Confiança. Além de procurar investigar dentro de mim, nas reflexões sobre as experiências que vivi nas Comunidades de Aprendizagem que participo, também busquei na minha rede de contatos e em outras referências, elementos que pudessem complementar a minha investigação para poder compartilhar aqui com vocês.

A confiança é o ponto de partida, o solo por onde será possível semear relações profundas e verdadeiras. E a confiança a que me refiro aqui é num sentido abrangente: confiança em si e em suas próprias capacidades(auto confiança); confiança no outro; confiança na relação; confiança no coletivo; no seu grupo de trabalho; confiança na própria Humanidade. Apesar de teoricamente e aparentemente eu me considerar uma pessoa confiante, ao analisar com um pouco mais de cautela e atenção, comecei a perceber que não é tão simples encontrar essa confiança, porque vivemos em uma sociedade altamente competitiva em que o tempo todo, instantaneamente e automaticamente aprendemos a desconfiar uns dos outros. E seguindo um pouco mais nessa auto reflexão pude perceber que existe um campo magnético, uma energia, uma sensação que fica no ar, quando me sinto confiante, quando me sinto pertencente a um coletivo que confia em mim, quando me sinto com a possibilidade de me abrir, me entregar na inteireza de ser quem eu sou. Esse campo magnético invisível, que eu não sabia descrever, acabei descobrindo através da conversa com uma amiga que também investiga o campo da confiança, é a conexão.

O que me faz sentir a conexão e o que gera desconexão na minha relação com as pessoas? Conexão tem a ver com sentimento, com entrega, com vulnerabilidade, permeabilidade.Quando sinto conexão com as pessoas sou capaz de olhar nos olhos delas sem desviar, sinto meu coração bater mais forte, sinto ternura, gratidão, alegria, enfim, uma explosão de sentimentos, que faz nos sentirmos vivas, momentos que equivalem à Eternidade, porque são verdadeiros e profundos e geram confiança. A maioria das pessoas vive raros momentos de conexão, a vida urbana, o ritmo acelerado que vivemos, nos faz desconectarmos do presente e do que realmente é importante para cada um de nós e as relações se tornam rasas, esvaziadas de significado e as pessoas tornam-se distantes umas das outras, deixam de perceber a conectividade que existe, deixam de investir a própria energia para sustentar o campo invisível da confiança justamente porque o modelo social que vivemos, desde muito cedo nos coloca em relação de competitividade com as outras pessoas. E se eu preciso estar na frente, preciso vencer com as melhores notas, com o maior número de likes, com o melhor discurso, com o melhor currículo, etc. eu passo a olhar as outras pessoas como possíveis ameaças e a reação instantânea é me fechar, des confiar.

Sendo assim, construir ambientes com base na confiança se torna um desafio porque ainda não temos as ferramentas, as habilidades necessárias para essa transformação, mas existem alguns exercícios de escuta e principalmente de conscientização que podemos nos propor a fazer, no início com um pouco de receio e falta de jeito, mas como um músculo, é uma questão de exercitar.

O primeiro passo a ser dado é responder a pergunta: Você está disponível para fazer essa pesquisa interna? Porque para isso vai ser preciso exercitar a escuta empática, não reativa, que significa ouvir sem reagir; aprender a comunicar também de forma não reativa seus sentimentos, mostrar-se vulnerável, permeável; aprender a dar e receber feedbacks de forma não agressiva; e desenvolver autoconhecimento para aprender a lidar com o julgamento interno e saber separar o que é seu e o que é dos outros.

Para finalizar essa breve reflexão sobre a confiança gostaria de acrescentar que ela é essencial para o desenvolvimento da plenitude e da integralidade. Quando eu sinto confiança em mim mesma (autoconfiança) sou capaz de ir além, vencer obstáculos, superar meus limites, empreender, me colocar e não culpabilizar os outros sobre o que acontece comigo. Quando sinto confiança no outro, posso aprofundar meus relacionamentos, fazer parcerias, me envolver em projetos coletivos e me conectar de maneira profunda com as pessoas, o que muda completamente todo o funcionamento psíquico e emocional e transforma a maneira de Estar no mundo. Quando participo de uma comunidade que tem como base a confiança, sinto pertencimento, sinto acolhimento e me sinto fortalecida para seguir adiante com meus processos individuais, me sinto respeitada e sem medo de ser quem eu sou e dizer o que penso. Isso muda o contexto da vida de forma abrangente, por isso a confiança é considerada a base, o músculo principal a ser exercitado nesse processo de transformação.

Mas confiança só acontece quando se pode sentir esse campo invisível, esse calor no coração, essa entrega de todas as partes envolvidas no relacionamento, seja amoroso, entre amigos ou entre uma comunidade. Não dá para fingir confiança, ou confiar mais ou menos, ou você confia e se sente confiante ou não confia.

E a partir desse ponto vamos falar sobre outro “músculo” que é a Autorresponsabilidade. Essa palavra também é uma daquelas palavras novas a serem incluídas no vocabulário das novas práticas.

Sobre a Autorresponsabilidade

Eu sou a única pessoa responsável pelo que acontece comigo

Para falar sobre autorresponsabilidade gostaria de citar de maneira bem superficial porém buscando ser assertiva na reflexão, as quatro fases do relacionamento propostas por Wilfried Nelles, um psicólogo alemão. Trata-se de emocionalmente perceber que ser criança ou ser adulto na maneira como você se relaciona com as pessoas não está relacionado apenas à idade biológica e sim com a sua maturidade emocional. Dessa forma ele descreveu as quatro fases dos relacionamentos.

1- Embrionário: Nessa fase eu não faço nada sem um comando externo, sou totalmente dependente das outras pessoas e consequentemente também inconsciente sobre mim e minha autonomia e responsabilidade sobre meus atos.

2- Criança: Na fase criança, até tenho certa capacidade de agir sem comando, porém ainda estou muito dependente da aprovação externa, não tenho autonomia, não há autoconfiança, dependo do outro para me dizer se o que faço é certo ou está bom.

3- Adolescente: Depois da infância vem a adolescência, de repente você percebe sua identidade e suas capacidades e que pode ter autonomia para agir sem depender das outras pessoas e nessa fase, cuidar da própria liberdade é mais importante. Não dependo de ninguém para aprovar minhas atitudes e também não preciso dos outros para viver e não me preocupo com a consequência que as minhas atitudes têm sobre as outras pessoas.

4- Adulto: Aí chega a fase adulta quando percebemos que somos todos interdependentes e podemos escolher de forma consciente que estar junto é melhor do que estar só e principalmente somos auto responsáveis pelas nossas atitudes e mais ainda, eu sou a única pessoa responsável pelo que acontece comigo. Saímos do lugar da culpa e da culpabilização e passamos a perceber que toda ação tem uma reação. Isso requer posicionamento, clareza, autoconhecimento e responsabilização pelas nossas atitudes e falas e consciência sobre as consequências do que fazemos.

Pensando nisso e na maneira como a sociedade se organiza e nas relações hierarquizadas e em toda a lógica da cultura dominante que vivemos que eu falei lá no comecinho do texto, podemos perceber que raras são as pessoas que se encontram na fase adulta do desenvolvimento emocional. E podemos compreender esse relacionamento tanto num nível individual e nos relacionamentos pessoais quanto num âmbito dos coletivos e Comunidades de Aprendizagem que são o objeto e foco do nosso presente estudo.

Porém, imagino que você aí que está lendo esse texto e chegou até aqui, ainda esteja tentando entender como colocar esses “músculos” para exercitar e é aí que entra nosso terceiro tópico, o que faz essa energia circular e esse campo invisível da conexão e da confiança se fortalecerem.

A Comunicação Transparente

Contar a história de quem você é com o coração

A partir do lugar do medo, da desconfiança e da competitividade, precisamos nos defender, nos proteger das relações, abafar nossos sentimentos e contamos uma “historinha” sobre nós mesmos que não é real. Criamos uma imagem distorcida de nós mesmos onde tentamos nos desenhar como alguém forte, perfeito, porém irreal. No entanto para sentir o campo invisível da conexão, para nos sentirmos pertencentes e com o coração pleno, precisamos abrir mão do que deveríamos ser para sermos o que realmente somos e é aí que a comunicação transparente aparece.

Quando nos vulnerabilizamos, falamos dos nossos sentimentos verdadeiros, de nossas frustrações e reais necessidades, quando damos o primeiro passo no sentido da transparência, por incrível que pareça, abrimos um campo para a conexão com as outras pessoas, porque todas as pessoas possuem esses sentimentos de medo, vergonha, insegurança, tristeza, fraqueza e tantos outros, que são o que nos faz humanos e essa é a beleza da vida. Quando você se abre para o outro, contando de si e das imperfeições humanas, abre o campo da conexão e como uma mágica você passa a outro nível do relacionamento, você sente esse campo invisível e magnético essencial da confiança e descobre que esse é o verdadeiro propósito de estarmos vivos.

Porém para chegar nesse lugar, da comunicação transparente, de abrir-se para o outro, de dar e receber feedbacks e de se sentir confortável com a transparência, não existe outra maneira a não ser, praticar, exercitar. Experimente falar para as pessoas os incômodos que você sente em suas relações de forma amorosa e não reativa e você irá perceber o quanto a sinceridade pode gerar crescimento e aprofundamento nessa relação. No entanto, nem todas as pessoas estão preparadas para isso, lembrando das etapas do desenvolvimento emocional, algumas pessoas podem ainda ser crianças ou adolescentes, no entanto, se você tem a autorresponsabilidade desenvolvida, logo vai perceber que você fez a sua parte e deve acreditar que o outro é capaz de lidar com a sua verdade e com o que cabe à ele.

Para crescer nas relações e aprofundar os níveis de relacionamento é preciso abrir espaço para ouvir e em alguns momentos aguentar um pouco de desconforto para não simplificar as relações, o desconforto é importante para o amadurecimento do grupo, quando nos propomos a trabalhar juntos é preciso abrir um espaço dentro de si, é diferente de trabalhar sozinho e está relacionado com o amadurecimento emocional de transição da fase adolescente para a fase adulta e com o entendimento sobre a interdependência.

Nas Comunidades de Aprendizagem existem muitas maneiras de se trabalhar essa Comunicação Transparente além de espaços para expressão autêntica e escuta empática, existem exercícios de grupo para estreitar e fortalecer a confiança e o acolhimento, ferramentas de comunicação visual que tornam as informações acessíveis à todos e outras que podem ser criadas, mas não existe receita pronta, não existe controle sobre o que vai acontecer. No começo, quando as pessoas que não estão acostumadas a se vulnerabilizar passam a fazê-lo, podem ser um pouco desajeitadas e suas falas são como um jorro, um vômito de emoções emaranhadas e intensas, como uma bola de pêlo entalada na garganta que sai com tudo. Mas com acolhimento e maturidade autorresponsável de compreender que não é tudo sobre você, que o sentimento do outro não é diretamente pessoal, também é possível aos poucos exercitar uma fala não reativa, não violenta e essa escuta atenta, empática e reflexiva sobre o que essa pessoa disparou em mim que está sob minha responsabilidade.

Aos poucos vou percebendo que as temáticas que trago e as pesquisas práticas relacionadas às Comunidades de Aprendizagem estão se distanciando cada vez mais daquilo que se conhece e concebe como Educação e a experimentação nesse caminho está num âmbito muito mais vivencial e de conectividade entre as pessoas do que propriamente intelectual e acadêmico. O conhecimento se faz de outros lugares, através de outras perspectivas, é colaborativo, cocriativo e dinâmico. A Escola e o Sistema de Ensino têm a sua lógica de raciocínio e exercem seu papel no mundo, mas as Comunidades de Aprendizagem e as Novas Perspectivas para a Aprendizagem visam abrir uma nova estrada, mais complexa, mais integrada, mais intuitiva e que não funciona mais pela lógica linear e racional de uma cultura que internalizou esses valores e os reproduz de forma automática, mecanizada e desconexa.

Para complementar as reflexões sobre o tema gostaria de sugerir que busquem por Joanna Macy; Brene Brown e Scott Peck, autores que trazem contribuições valiosíssimas para quem está no caminho de desenvolver esses músculos que nos fazem mais fortes, mais humanos e mais pertencentes, nos quais eu busquei as referências para escrever esse texto, além da pesquisa vivencial e prática que trago das experiências que já vivi.

Quem sou eu?

Há alguns anos venho estudando através da experimentação novas alternativas para o que hoje compreendemos como Educação. Antes de mais nada, acho importante deixar bem claro o solo da onde eu vim. Vim da Escola, não só como estudante, mas também como professora, secretária escolar, Diretora, Psicopedagoga e mãe de aluno, além de pesquisadora incansável de teorias e iniciativas transformadoras em Educação. Conheço a Escola sob muitos pontos de vista diferentes, isso também não significa que conheço as escolas em sua completude, mas posso falar sob o ponto de vista da minha experiência com escolas públicas e escolas rurais do Sul de Minas, onde atuei por 10 anos e das muitas pesquisas e estudos que venho fazendo nos últimos 13 anos. Falo sob o ponto de vista da Educadora, papel que levei muitos anos para construir e posteriormente mais alguns para desconstruir e reconstruir no papel do Facilitadora ou Mediadora de Aprendizagem, numa perspectiva de viabilizadora e cocriadora em Comunidades de Aprendizagem. Sobre o meu percurso na participação e cocriação e viabilização de Comunidades de Aprendizagem, tenho uma experiência vivendo em uma comunidade intencional há 20 anos, além da participação em comunidades de Homeschooling e Unschooling no Brasil e mais recentemente fazendo parte da rede ALC, sendo fundadora do ALC Nature e da DigitalMente Livre, uma comunidade para conectar as pessoas que buscam uma aprendizagem auto dirigida e práticas que respeitem a liberdade de escolhas e que contemplem o desenvolvimento integral de todas as pessoas em suas capacidades únicas.

Acesse também minhas redes sociais:

ALC Nature Brasil

DigitalMente Livre — Conexão Natural

Conheça os meus trabalhos que estão ativos no momento:

Desdoutorado

Formação para Facilitadores de Aprendizagem Ágil

Ou entre em contato através do e-mail: digitalmentelivre@gmail.com

--

--

Su Verri

Mentoria em Educação Autodirigida; Facilitadora Ágil (ALF); Comunidade de Aprendizagem Autodirigida; Desescolarização/Unschooling;Fundadora do ALC Nature